SINOPSE: Na Nova Orleans de 1927, Schweick, um pintor acusado de magia negra, é linchado pela população e emparedado vivo no porão do hotel onde vivia. O pintor é na verdade o guardião de uma das sete portas do inferno. Décadas depois, a jovem Liza Merril herda o velho hotel e resolve reformá-lo. Mas uma obra no porão do prédio acaba abrindo uma das sete portas para o inferno, sobre a qual o hotel foi construído. O horror se espalha pela cidade e Liza, com a ajuda do médico da cidade, tenta sobreviver à invasão dos mortos-vivos.
Esse estilo de cinema também cai como uma luva para um dos maiores diretores desse movimento, Lucio Fulci. Em seus filmes não existe espaço para a beleza das imagens de Bava ou as imagens catárticas de Argento. Há apenas a violência, pura e simples, com tudo o que há de mais terrível e feio nela.
"Terror nas Tevas", ou "The Beyond" (titulo americano) até tem um fio narrativo, sobre um tal hotel construído acima de uma das sete portas do inferno, mas o filme se concentra mesmo numa série de sequências delirantes e ultraviolentas. Parece um pesadelo angustiante daqueles que nós temos, e que não sabemos explicar no dia seguinte. É Fulci sem amarras e sem limites, dando o dedo do meio à realidade e a lógica. Ele busca em cada cena criar horrores que fiquem queimados na nossa retina, bem depois de terminado o filme. O filme é um pesadelo pingando sangue, e mesmo com um orçamento minúsculo e um punhado de interpretações inexpressivas, consegue ser um dos melhores de Lucio Fulci.
Nesse longa constatamos a eficácia da linguagem do diretor romano Lucio Fulci à pura exploração da satisfação da imagem. Mas a obra majestosa e a força de Lucio Fulci escondem mais que isso...
O autor de "Terror Nas Trevas" tem uma poética original e forte, e ao mesmo tempo, como muitos de seus contemporâneos, ele é um artesão do cinema popular de extrema flexibilidade. Lucio Fulci funde com um estilo único a atenção à imagem e a gramática da narrativa com o respingo extremo de realismo.
Prepare-se para embarcar num delírio assustador sobre a vida após a morte, sobre o além, numa tentativa de criar um discurso emocional com a construção abstrata de imagens, dentro de uma história repleta de mortos ressuscitados e olhos arrancados com pregos.
O roteiro do filme - de Dardano Sacchetti - é uma proposta bastante "batida" de temas e ideias clássicas, mas também foi escrito sem muita atenção à lógica (a construção de narrativas e personagens são sem sentido).
Para o filme ser realizado, Lucio Fulci foi meio que "obrigado" a incluir zumbis em seu filme para fins de distribuição, pois na época, na Alemanha, eles eram uma garantia de sucesso.
O título brasileiro ficou marcado como "Terror nas Trevas", pois este foi o seu primeiro nome através do lançamento da fita VHS pela Dado Group, numa verdadeira época de ouro das video-locadoras. Já nos Estados Unidos ficou com o título "The Beyond", porém em italiano é "... E tu vivrai nel terrore! L'aldilà", que traduzido em português é "...E você viverá no terror! no além".
Como já mencionado, é um filme de terror sobrenatural, dirigido por Lucio Fulci e estrelado por Catriona MacColl e David Warbeck. É o segundo filme de Fulci da sua Trilogia "Portões do Inferno", após "A Cidade dos Mortos Vivos" (1980), e que foi seguida por "A Casa do Cemitério" (também de 1981).
Filmado em locações dentro e ao redor de Nova Orleans no final de 1980, "Terror Nas Trevas" teve a assistência da empresa Louisiana Film Commission, porém em algumas cenas aconteceram no De Paolis Studios, em Roma.
Lançado nos cinemas da Itália na primavera de 1981, "Terror Nas Trevas" não viu um lançamento na América do Norte até o final de 1983. A empresa Aquarius Releasing lançou o filme nos cinemas americanos apenas em 1983, numa versão alternativa do filme intitulada de "7 Doors of Death". Essa versão apresentava uma partitura musical inteiramente diferente e também com vários minutos a menos que a versão original de Fulci. Resumindo: "The Beyond" chegou aos cinemas americanos com apenas 65 minutos de duração e com as melhores cenas de violência cortadas!
A versão original do filme viu seu primeiro lançamento nos Estados Unidos em setembro de 1998, e foi por meio de uma parceria de distribuição entre a Rolling Thunder Pictures, Grindhouse Releasing e Cowboy Booking International.
Após seu lançamento, a recepção de "Terror Nas Trevas" foi polarizada. Críticos contemporâneos e retrospectivos elogiaram o filme por suas qualidades surrealistas, efeitos especiais, trilha sonora e cinematografia, mas notaram suas inconsistências narrativas (que todo mundo também percebe, e que até chega a incomodar alguns outros mais exigentes).
Cineastas de terror e surrealistas interpretaram essas inconsistências como intencionais do diretor, pois complementam o tom e a direção atmosféricos. "Terror Nas Trevas" está classificado entre os filmes mais celebrados de Fulci e ganhou um culto internacional nas décadas seguintes.
O filme tem um clima de terror e um pessimismo muito grande, e nos mostra que, não importa a direção em que viajemos, ou corremos... não adianta querermos fugir, pois o mal nos perseguirá e irá nos pegar. Assim como acontece com os personagens do filme, iremos sucumbir à escuridão e desaparecer.
O DESENVOLVIMENTO E A PRÉ-PRODUÇÃO DE "TERROR NAS TREVAS"
O produtor Fabrizio De Angelis comentou que em sua colaboração anterior com Fulci, "Zombi 2" (1979), eles pensavam em fazer "um filme de história em quadrinhos ... ou seja, em vez de ficarem assustadas, as pessoas iriam rir ao ver esses zumbis". Em vez disso, o público respondeu com desconfiança, o que os levou a fazer um filme de terror direto ("A Cidade dos Mortos-Vivos").
Depois de fazer "A Cidade dos Mortos-Vivos"(1980), Fulci procurou fazer um filme complementar como parte de uma trilogia com o nome de "Portões do Inferno", sendo um tema unificador. Simpson descreveu a trilogia como sendo vagamente "conectada com a história de mortais infelizes que literalmente vivem em cima de uma entrada para o Inferno e, em seguida, inadvertidamente caem nele".
Lucio Fulci
Um dos grandes mestres do terror italiano
O conceito básico de "The Beyond" foi desenvolvido por Lucio Fulci, Giorgio Mariuzzo e Dardano Sacchetti. Um pôster desenhado por Enzo Sciotti foi produzido exclusivamente na esperança de vender o filme aos mercados internacionais, e o título do filme foi escolhido com base em uma conversa entre Fulci e De Angellis. De Angellis lembrou-se de Fulci discutindo o conceito do filme com ele: "Então ele me contou uma história sobre um casal se mudando para uma casa, onde fica o inferno. E eu pensei, 'O que isso significa?' ... não havia um simples cadáver ali naquela casa, ...havia um inferno debaixo daquela casa! E ele disse 'o além'. E quando eu ouvi 'The Beyond', esse automaticamente já virou o título."
Depois de receber a aprovação de De Angellis, Fulci solicitou que Sacchetti começasse a escrever um roteiro completo com base no breve tratamento que eles haviam concluído. De acordo com De Angellis, muito do enredo foi elaborado com base em ideias vagas que Fulci tinha para várias cenas de morte, bem como várias palavras-chave que ele sentia que unificavam sua visão. Alguns elementos do roteiro foram derivados de maneira arbitrária, como o desenho do símbolo de Eibon, que Fulci se baseou no desenho de uma tatuagem amadora que sua filha havia feito no braço.
Alguns elementos de "Terror Nas Trevas" nessa imagem, incluindo o desenho do símbolo de Eibon
A concepção de "além" de Sacchetti se baseava em suas próprias reflexões sobre a morte e o "sofrimento de nascer condenado à morte ... [de nascer] para ser apagado". Sacchetti procurou representar o além como um inferno cheio de almas mortas, um outro mundo existindo "fora da geometria euclidiana".
Originalmente, a sequência final do filme em que os personagens entram no "além" deveria acontecer em um parque de diversões, onde os dois personagens principais, agora mortos, são capazes de se divertir em um "grande parque de diversões da vida". Devido a restrições logísticas, no entanto, não foi possível filmar, e a sequência final existente - na qual os personagens entram em uma vasta paisagem desértica cheia de cadáveres - foi idealizada por Sacchetti "no calor do momento". Em uma entrevista, Fulci deu ao filme um orçamento de 580 milhões de liras italianas, metade da quantia que De Angelis havia originalmente alocado para ele.
O ELENCO VIVIDO PELOS PERSONAGENS PRINCIPAIS DE "TERROR NAS TREVAS"
Catriona MacColl, a mocinha que é herdeira do Hotel em "Terror Nas Trevas"
Embora Fulci originalmente pretendesse escalar a estrela de "Zombi 2", Tisa Farrow, para o papel de Liza Merrill, a atriz inglesa Catriona MacColl foi escolhida após ter trabalhado com ele anteriormente em "A Cidade dos Mortos-Vivos" (1980). Ela também apareceu depois em "A Casa do Cemitério" (1981), último filme da trilogia "Portões do Inferno".
MacColl mais tarde consideraria "The Beyond" seu filme favorito da trilogia, afirmando que ela continua atraída pela "decadente poesia macabra italiana", que ela sente que o filme exala.
No filme ela foi creditada como Katherine MacColl.
David Warbeck
David Warbeck foi escalado como Dr. John McCabe depois que ele e Fulci se tornaram amigos durante a produção de "The Black Cat" (1981).
Originalmente, os papéis de Joe (o Encanador) e do Professor Harris seriam interpretados por Venantino Venantini e Ivan Rassimov, respectivamente, mas ambos foram substituídos por dois amigos de Fulci, o ator de teatro Tonino Pulci e o co-estrela de "Zombi 2", Al Cliver, a quem o diretor apelidou afetuosamente de "Tufus".
Em partes da filmagem, o ator francês Antoine Saint-John, que interpretou o pintor condenado Schweick, foi substituído por Giovanni De Nava, ele era a versão "zumbificada" do personagem; De Nava às vezes é creditado erroneamente por interpretar Joe.
Cinzia Monreale, a eterna e misteriosa cega "Emily"
Para o papel da fantasmagórica Emily, Stefania Casini foi originalmente requisitada, mas depois recusou o papel porque ela não queria usar as lentes de contato ofuscantes que ela teria que usar. Fulci, então escalou a atriz e modelo Cinzia Monreale, que já havia estrelado o seu filme "Spaghetti Western Silver Saddle" (1978). Monreale foi atraída pelo filme porque sentiu que o conceito de Fulci era "bem escrito e cheio de mistério", e ela havia gostado de trabalhar com ele anteriormente.
No filme, você vai perceber que seu nome não aparece nos créditos, eu mesmo fiquei procurando-o e até "rebobinei" o DVD por diversas vezes tentando encontrá-lo... mas a questão é que na época Cinzia Monreale estava utilizando de um outro nome artístico: Sarah Keller. Esse nome foi escolhido para deixá-la mais "internacional" e você poderá encontrá-lo nos créditos de abertura, ao lado de Katriona McColl e David Warbeck.
OS LOCAIS DE FILMAGENS, OS DETALHES E OUTRAS CURIOSIDADES DOS BASTIDORES
A maior parte de "The Beyond" foi filmada no final de 1980, em New Orleans , Louisiana, bem como em cidades periféricas de Metairie, Monroe e Madisonville. Larry Ray, um residente de Nova Orleans e membro da Louisiana Film Commission, foi contratado para ajudar Lucio Fulci a procurar locações. Enquanto procurava, Fulci gostou de Ray e o contratou como assistente e gerente de produção. Dentro de Nova Orleans, as filmagens foram concluídas no distrito de Vieux Carré, bem como no campus da Dillard University. A sequência do funeral no cemitério foi filmada no Cemitério de Saint Louis.
A histórica Otis House perto do Lago Pontchartrain, localizada dentro do Fairview-Riverside State Park, serviu como o "Seven Doors Hotel". Durante as filmagens, os designers de produção envelheceram o exterior da casa borrifando o revestimento com água e tinta escura, bem como jogando cimento e areia no chão para fazê-lo parecer empoeirado e dilapidado.
A histórica Otis House em Madisonville, Louisiana (foto de 2008) serviu como o cenário principal para o filme
De acordo com Ray, a areia danificou o piso de madeira original, e a produção teve que pagar ao Estado da Louisiana para restaurá-lo após o término das filmagens. A sequência em que Liza encontra Emily na ponte foi filmada no Lago Pontchartrain Causeway, enquanto a casa de Emily era a mesma residência de New Orleans usada no filme "Louis Malle 's Pretty Baby" (1978).
Para alcançar o estilo visual austero do filme, o diretor de fotografia Sergio Salvati fotografou o exterior de Nova Orleans usando "cores quentes" na esperança de capturar o "sol, o calor e o jazz" da cidade. Salvati contrastou as configurações urbanas de Nova Orleans com os interiores "mais legais" do hotel, que geralmente apresentam iluminação azul, laranja e violeta.
De acordo com Ray, Fulci não teve nenhum roteiro de filmagem oficial presente durante as filmagens de "The Beyond", apenas um esboço que tinha três páginas:
"O esboço do roteiro do conceito inicial tinha apenas três páginas com uma história bem diferente da do filme final. Fulci estava sempre encontrando novas ideias. Deixe-me lhe dar um exemplo. A 160 km do Hotel, havia um lago longo e estreito. Tínhamos recebido autorização para filmar tanto o exterior como o interior desta casa histórica. Lucio Fulci ou Sergio Salvati tiveram a ideia de usar o lago para a cena com os barcos carregados com a multidão enfurecida com tochas. Isso produziu belos reflexos na água e as máquinas de fumaça proporcionaram a atmosfera perfeita. No final, muitas dessas cenas foram imaginadas na hora e adicionadas como um trabalho combinado entre Fulci, David Pash e a equipe".
Lucio Fulci (ao fundo e a direita, com óculos e um suéter branco) supervisiona a preparação de uma famosa cena na estrada Pontchartrain.
Dardano Sacchetti, o roteirista, também trabalhou por trás de nove entre dez bons filmes italianos da época – além da maioria das obras do próprio Fulci, ele também escreveu o roteiro da série "Demons", por exemplo. Repare, ainda, em duas participações não-creditadas do diretor, como o tabelião da cidade, na cena em que Martin vai procurar o registro do hotel, e do roteirista Sacchetti, como um dos assassinos de Schweick no início do filme (nesta cena também aparece o câmera Sergio Salvati, outro colaborador frequente de Fulci).
A maioria do elenco falava inglês, enquanto Fulci falava italiano. Devido à barreira da linguagem, grande parte da direção de Fulci foi feita com "mímica, fazendo caretas e movendo seu corpo para que os atores entendessem o que ele queria deles". Como ele era um falante fluente de italiano, Ray serviu como tradutor e intérprete de Fulci durante a filmagem.
Larry Ray teve um papel fundamental na realização de "Terror Nas Trevas", ele inicialmente havia sido contratado para ajudar Lucio Fulci a procurar locações para o filme. Enquanto procurava, Fulci gostou de Ray e o contratou como assistente e gerente de produção. Ele falava inglês e italiano, então ajudou muito na comunicação entre os atores e Lucio Fulci, fazendo a tradução e a comunicação fluir, com isso colaborando com o alcance do objetivo, em relação ao diretor e a atuação dos artistas em cena.
Depois que as filmagens de "Terror Nas Trevas" foram concluídas nos Estados Unidos, a fotografia adicional ocorreu no De Paolis Studios em Roma, consistindo principalmente de cenas com efeitos especiais intensos. Entre elas estavam as cenas de abertura do filme com o linchamento da multidão (que acontecem no interior), bem como algumas cenas no interior da casa de Emily. Algumas sequências adicionais com o cachorro Dicky também foram filmadas em Roma, o que exigiu que a produção encontrasse um pastor alemão parecido na Itália. De acordo com MacColl, a sequência final do filme, na qual ela e o personagem de Warbeck entram "no além", foi concluída em seu último dia de filmagem, em 22 de dezembro de 1980. A sequência foi filmada em um estúdio vazio que tinha sobras de areia de um filme anterior, e civis aleatórios foram contratados para aparecer como cadáveres inanimados na areia. A areia foi umedecida com água, o que, por meio da evaporação, resultou no efeito de névoa natural presente no filme.
OS EFEITOS ESPECIAIS E A BELISSIMA MAQUIAGEM DE "TERROR NAS TREVAS"
As lentes de contato brancas usadas por vários dos atores (Cinzia Monreale na foto) bloquearam completamente suas visões.
Os efeitos especiais em "The Beyond" foram alcançados por meio de métodos práticos, e foram considerados pelos estudiosos como as "peças predefinidas violentas de Fulci". A maioria das cenas de efeitos especiais mais pesados foram filmadas em estúdios na Itália. Monreale relembrou seu tempo gasto no set durante a preparação dos efeitos como o mais "intenso", devido a configurações elaboradas e horas gastas para alcançar o resultado visual desejado de Fulci. Entre esses para Monreale estava a sequência de morte violenta de seu personagem, na qual ela é violentamente atacada por seu cachorro (Dicky). Para obter o efeito, foi confeccionada a cabeça de um cão falso, bem como uma prótese de pescoço em camadas que o cão rasga com os dentes. Esta sequência por si só levou cerca de três dias para ser concluída, com o cachorro manequim sendo manipulado manualmente. No set, Fulci brincando se referiu à falsa cabeça de cachorro como "Puppola".
As lentes brancas eram muito desconfortáveis e não permitiam os atores a enxergar
As lentes de contato brancas usadas por vários atores no filme eram feitas de vidro e pintadas à mão com vários tons de esmalte branco. Eles foram descritos por MacColl e Warbeck como sendo muito desconfortáveis; MacColl lembrou que, depois de completar a sequência final do filme, ela e Warbeck tiveram dificuldade para removê-los de seus olhos. As lentes também obscureciam a visão do usuário, tornando-o completamente ou quase totalmente cego. Monreale expressou que usar as lentes era extremamente difícil para ela; todas as suas cenas, exceto uma, exigiam que ela as usasse, e ela teve que contar com o maquiador do filme, Maurizio Trani, para ajudá-la a andar pelos sets. Para minimizar o desconforto, Trani regularmente removia as lentes dos olhos dos atores e as desinfetava entre as tomadas.
Uma das sequências de efeitos especiais mais elaboradas do filme foi a cena da morte de Martin Avery, que é atacado por uma horda de aranhas tarântula. De acordo com Trani, elaborar a sequência foi "complicado", mas "provou ser mais simples do que o esperado". O designer de efeitos especiais Giannetto DeRossi criou metade de uma prótese de boca para o ator Michele Mirabella, de látex e um gesso que obteve de seu dentista. Embora algumas das aranhas fossem reais, as filmadas mordendo a boca e o rosto de Avery eram falsas e controladas com grampos manuais. Fotos de close-up da boca real de Mirabella foram intercaladas com as de sua boca falsa (incluindo close-ups de uma língua falsa) quando ela foi mordida pelas aranhas, resultando em uma imagem perfeita do ataque.
Os efeitos especiais durante a primeira cena do necrotério do filme, em que uma garrafa de ácido é derramada sobre o rosto de Mary-Anne, foram criados pelo artista de efeitos Germano Natali. Para conseguir o efeito de fusão do rosto, ácido sulfúrico real foi despejado sobre um molde do rosto da atriz, que era feito de uma mistura de cera e argila; o ácido sulfúrico dissolve a última substância. Uma cabeça de boneco semelhante foi criada para conseguir o efeito do personagem do globo ocular de Joe sendo arrancado.
A crucificação
A crucificação de Schweick, mostrada na sequência de abertura, também foi alcançada por métodos práticos: buracos foram feitos para Saint-John esconder seus antebraços atrás da "cruz", enquanto antebraços falsos cheios de reservatórios de sangue falsos foram colocados na frente da "cruz". Dois orifícios adicionais foram feitos nas extremidades dos antebraços falsos, através dos quais DeRossi inseriu suas próprias mãos. O resultado da crucificação ficou parecendo autêntico, pois as mãos eram móveis e podiam se contorcer em reação. As mãos de Trani aparecem na tela como o pregador que completa a crucificação.
UMA TRILHA SONORA MARCANTE E ANGUSTIANTE QUANTO A ATMOSFERA DO FILME
Fulci contratou o compositor Fabio Frizzi para completar a trilha sonora para o filme. Comentando sobre a composição da partitura, Frizzi disse: "O objetivo distinto da trilha sonora do filme era atingir um antigo objetivo meu. Eu queria combinar duas formas instrumentais diferentes que sempre amei: a banda e a orquestra. Quando eu comecei a escrever música alguns anos antes, eu havia aprendido a combinar esses dois sons; mas por muitos motivos, os papéis das cordas e dos instrumentos de sopro eram criados principalmente pelos teclados".
A partitura apresenta vários instrumentos, incluindo Mellotron e baixo, bem como arranjos orquestrais e corais. Os críticos da Rolling Stone notaram que conforme o filme avança em direção à sua conclusão, "a trilha de Frizzi também escurece, ficando pesada, sublinhando o destino inevitável dos personagens".
Compact Disc de "Terror Nas Trevas"
Em 2016, a Rolling Stone classificou a música de Frizzi como a 11ª melhor trilha sonora de filmes de terror de todos os tempos. Chris Alexander do ComingSoon.net também classificou o tema principal do filme, "Voci Dal Nulla" (em inglês: "Voices from the Void" ), um dos maiores temas de filmes de terror já compostos.
Em 1981, a trilha foi lançada na Itália em vinil pela Beat Records Company. Em 30 de outubro de 2015, a gravadora independente Death Waltz publicou a trilha sonora remasterizada em vinil. Uma versão em CD foi lançada anteriormente em 2001 pela Dagored Records. O lançamento da Grindhouse inclui a trilha sonora no lançamento em Blu-ray nos EUA.
Em 17 de outubro de 2019, a Eibon Press anunciou que a Grindhouse Releasing havia descoberto as gravações originais da trilha sonora para a versão editada de "7 Doors of Death" (primeira estreia do filme nos Estados Unidos), e eles haviam colaborado para lançar um CD de edição limitada com uma adaptação do filme em quadrinhos.
Quadrinho de "Terror Nas Trevas"
A RECEPÇÃO E A DISTRIBUIÇÃO NOS CINEMAS
"Terror Nas Trevas" foi lançado nos cinemas na Itália em 29 de abril de 1981, onde arrecadou 747.615.662 liras em sua primeira exibição; o historiador de cinema Roberto Curti descreveu isso como um "negócio OK", observando que, embora esse valor bruto fosse menor do que o de vários filmes de terror anteriores de Fulci. O filme foi amplamente distribuído em outros países e teve um sucesso especial na Espanha.
Na Inglaterra, o filme teve dificuldade devido a censura. O BBFC passou com uma classificação X exigindo vários cortes e, posteriormente, incluiu-o na lista de vídeos ofensivos. Não foi lançado no Reino Unido na sua versão original até 2001, antes só circulava por lá na sua versão editada, então finalmente saiu na integra em home vídeo.
Na Alemanha, o filme foi lançado sob o título "Die Geisterstadt der Zombies" (traduzido em português como "A Cidade Fantasma dos Zumbis"). Uma curiosidade, é que a versão de cinema alemã foi a única versão do filme em que a sequência de pré-credito foi impressa em cores; nas versões italiana e internacional, a sequência foi impressa em sépia (a versão mais conhecida).
O poster americano em muito pouco lembra o clássico "Terror Nas Trevas"
Olhe bem para as recomendações de Tobe Hooper
O filme não viu um lançamento nos EUA até 1983, quando foi adquirido para distribuição nos cinemas por Terry Levine, de Aquarius Releasing, um distribuidor com sede em Nova York e que já havia tratado da distribuição regional para "Halloween" (1978), de Jon Carpenter.
Levine comprou os direitos de distribuição nos Estados Unidos por cerca de $ 35.000, e gastou $ 10.000 adicionais em trabalho de pós-produção adicional, que incluiu a substituição da música de Frizzi por uma nova trilha de Mitch e Ira Yuspeh, bem como cortar várias cenas para obter uma classificação R (filmes que requer o acompanhamento de um adulto na sessão, mas que não proíbe a entrada de menores. Filmes com cenas semi explícitas de sexo e bastante violência fazem parte dessa classificação).
A distribuidora Aquarius lançou esta versão alternativa do filme nos Estados Unidos em 11 de novembro de 1983, sob o título "7 Doors of Death". De acordo com Levine, a mudança do título foi resultado de sua crença de que o título original era muito nebuloso, e que a trama do filme "Seven Doors" era um gancho narrativo mais interessante que intrigaria o público. Para promover este lançamento, Levine exibiu o filme para Kim Henkel e Tobe Hooper, o respectivo co-escritor e diretor de "O Massacre da Serra Elétrica" (1974), que concedeu citações elogiosas sobre o filme e que foram usadas nos anúncios de televisão e na imprensa (sendo um bom apoio na divulgação).
A maioria dos nomes do elenco e da equipe técnica para esta versão também foram "alterados" para atrair o público dos Estados Unidos, com Fulci sendo creditado como "Louis Fuller".
"7 Doors of Death" foi um sucesso comercial, arrecadando $ 455.652 durante sua primeira semana de lançamento; Levine estimou que o filme lhe rendeu um lucro de cerca de US $ 700.000.
A versão sem cortes de "The Beyond" não foi disponibilizada comercialmente nos Estados Unidos até depois da morte de Fulci em 1996. Após a morte do diretor, os direitos de distribuição norte-americanos do filme foram adquiridos por Bob Murawski e Sage Stallone para sua empresa Grindhouse Releasing, que fez parceria com Quentin Tarantino, Jerry Martinez e a empresa Cowboy Booking International, de Noah Cowan, para relançar o filme por meio de uma série de exibições à meia-noite que começou em Los Angeles, Nova York, e cinco outros locais em 12 de junho de 1998, seguido por um lançamento nacional.
O Vice-Presidente da Cowboy Booking International também disse que "Fulci é um dos diretores favoritos de Tarantino e Martinez". Em 26 de julho, o relançamento arrecadou $ 123.843 de bilheteria.
CRÍTICAS NEGATIVAS EM RELAÇÃO AO ROTEIRO, MAS MUITOS ELOGIOS QUANTO AO VISUAL DO FILME
As pessoas que culpam "The Beyond" pela falta de história não entenderam que é um filme de imagens, que deve ser recebido sem qualquer reflexão. É bem parecido como aqueles sonhos que temos, cheios de pessoas e situações desconexas, mas também com sensações extremamente marcantes, nos fazendo a pensar muito por horas, quando acordamos.
"Terror Nas Trevas" funciona melhor se o telespectador compará-lo com um interminável pesadelo...
Após o lançamento do filme em 1983 nos Estados Unidos como "7 Doors of Death", o crítico Kevin Thomas do Los Angeles Times considerou o filme visualmente "elegante", mas observou: "como um thriller do oculto é excessivamente familiar, apenas mais um desfile de carnes podres". Bill Kelley, do Sun-Sentinel, também elogiou os elementos visuais do filme, incluindo o prólogo sépia, mas acrescentou: "O problema é que sempre que alguém no filme está tentando atuar, a câmera está gravando algo que realmente não vale a pena ver" em última análise, classificando-o como um "filme de terror classe Z ".
Outros criticaram o enredo como uma falta de coerência, escrevendo: "As pessoas são mortas em todo o hotel, em seguida, depois de serem mortos, eles são feios / zumbis .. Nós nunca sabemos por que eles são mortos ou porque ficam zumbis, o que me leva a suspeitar que talvez seja um filme de arte. No final do filme, os mortos caminham ... Aí as pessoas saem do cinema. Parecem os mortos que saíram do necrotério. Talvez este não seja um filme de arte. Talvez este seja um documentário".
Tim Pulleine (do "The Monthly Film Bulletin") afirmou que o filme permite "duas ou três passagens visualmente impressionantes - e admitindo que, a concisão narrativa não era o forte para os filmes de terror italianos - o filme tem seu enredo descontroladamente desorganizado".
Após seu relançamento em 1998, o crítico Roger Ebert o considerou um filme "cheio de diálogos ruins" e o criticou por ter um enredo incoerente. Em 2000, ele incluiu o filme em um livro de seus filmes "mais odiados".
No agregador de resenhas Rotten Tomatoes, "The Beyond" detém uma taxa de aprovação de 67% com base em 21 resenhas críticas, com uma classificação média de 6,46 / 10. AllMovie chamou o filme de "épico de terror surreal e sangrento" e o rotulou de "terror italiano em seu extremo pesadelo". A Time Out London , alternativamente, chamou-o de "um filme de terror sem vergonha, cuja história sem sentido - uma garota herda um hotel assustador e decadente que por acaso tem uma das sete portas do Inferno em seu porão - é apenas uma desculpa para uma série mal conectada de quadros sádicos de tortura e sangue". O crítico John Kenneth Muir escreveu : "Os filmes de Fulci podem ser excursões cheias de pavor ao surrealismo e às imagens oníricas, mas no mundo real, eles não andam juntos, e The Beyond é a Exibição A.". Um sentimento semelhante foi ecoado por Bill Gibron do PopMatters , que escreveu sobre o filme em 2007:
"The Beyond é uma combinação incoerente e caótica de terror italiano que é quase salva por seu final sombrio e atmosférico. É um festival sangrento miserável e salpicado de toques maravilhosamente evocativos. Ele tem mais potencial do que dezenas de filmes de terror de Hollywood do passado e do presente, mas encontra maneiras de desperdiçar e esmagar toda e qualquer oportunidade de ouro. É um filme que fica melhor se analisarmos somente suas múltiplas imagens, que a estupidez surpreendente de alguns dos diálogos e dublagens. É um filme muito mais eficaz na memória do que na experiência de visualização real. Provavelmente funcionaria melhor como um filme mudo, sem o roteiro ilógico... a trilha sonora de Goblin é estupendamente redundante e o sons sonoros são broncos".
Nos anos desde seu lançamento,"The Beyond" adquiriu um culto de seguidores. Time Out London conduziu uma pesquisa com vários autores, diretores, atores e críticos que trabalharam no gênero de terror para votar em seus principais filmes de terror. Em 1º de outubro de 2019, "The Beyond" ficou em 64º lugar na lista dos 100 melhores. O crítico de cinema Steven Jay Schneider classificou o filme em 71º lugar em seu livro 101 Filmes de Terror que Você Deve Ver Antes de Morrer (2009).
TERROR NAS TREVAS EM DVD E BLU-RAY
Em 10 de outubro de 2000, a Grindhouse Releasing co-distribuiu o filme em colaboração com a Anchor Bay Entertainment em DVD , tanto num conjunto de lata de edição limitada, quanto em um DVD padrão. Ambos os lançamentos apresentavam a versão totalmente sem cortes do filme de 89 minutos. Havia apenas 20.000 conjuntos de edição limitada lançados para compra. O conjunto de edição limitada foi embalado em uma caixa de lata com capa alternativa, incluindo um livreto informativo sobre a produção do filme, bem como várias réplicas de pôster em miniatura. No mesmo ano, a Diamond Entertainment lançou uma edição em DVD como "7 Doors of Death" , que apesar de usar o título de lançamento nos EUA, não tem cortes e apresenta os 89 minutos originais (o laser disc também foi lançado simultaneante).
"The Beyond" numa das edições em DVD
O filme ganhou nova vida graças à produtora Rolling Thunder (de Quentin trantino) e a distribuidora Grindhouse (de Sage Stallone, filho do ator Sylvester Stallone), que relançaram a versão integral do filme nos cinemas, laserdiscs, e DVD, reacendendo o culto a Fulci.
Sage Stallone atuou com seu pai em "Rocky V "(1990), eu lembro desse filme nas transmissões da TV Globo e do seu personagem fumando cigarros; aquilo me marcou muito pois ele era uma criança praticamente (pré-adolescente).
Infelizmente Sage Stallone faleceu em 13 de julho de 2012, aos seus 36 anos de idade. Ele não morreu de overdose, como se chegou a cogitar. O filho de Sylvester Stallone foi vítima de um problema no coração, mas tinha uma vida muito desregrada e fumava muito.
RIP SAGE STALLONE
Voltando ao filme de Lucio Fulci, uma versão em Blu-ray de "Teror Nas Trevas" foi lançada na Austrália em 20 de novembro de 2013. A Grindhouse Releasing, a distribuidora norte-americana do filme, lançou o filme em 2015 em Blu-ray de alta definição nos Estados Unidos, apresentando dois discos, bem como um CD com a trilha sonora. Os distribuidores também queriam restaurar a versão "7 Doors of Death", mas a impressão original foi considerada perdida nessa época.
Logo depois as impressões de partituras alternativas "7 Doors of Death" foram descobertas e entraram em processo de restauração. Os trailers de "7 Doors of Death", comerciais de TV e uma entrevista com o proprietário do Aquarius, Terry Levene, explicando o processo de "americanização" foram incluídos como recursos especiais. Levene também afirmou que estava muito contente com a versão original sendo elogiada e preservada, e admitiu que só fez a versão "7 Doors of Death" como uma forma de ganhar o interesse americano.
A versão cortada do filme foi inserida para streaming via Amazon Video, sob o título"7 Doors of Death" e que dura aproximadamente 84 minutos.
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